Padrão de Crescimento Facial – Saiba qual é o seu
Padrão de crescimento facial – o que é?
Quando se faz uma consulta, seja ela a um médico, a um dentista, a um fisioterapeuta, ou a qualquer outro profissional da área de saúde, o que se busca são respostas para 3 perguntas básicas: Qual é o problema? (diagnóstico), quais as chances de resolver o problema? (prognóstico) e como e qual será o tratamento?
Apesar das dúvidas referidas serem evidentes, as respostas à elas frequentemente não são claras aos pacientes.
É muito comum quando perguntamos as pessoas que estão usando aparelhos ortodônticos, por exemplo, qual é o problema de oclusão que elas tem, ou como está sendo conduzido o tratamento, escutar-se respostas do tipo: “ Não sei, o dentista me falou mas não entendi nada” ou “Eu vou lá troco as borrachinhas e nem pergunto”.
Por outro lado, ao mesmo tempo que o paciente não sabe muito bem o que se passa com o seu aparelho, ele sabe muito bem qual é o sorriso desejado, qual é a face considerada mais bonita, qual é o padrão estético vigente, visto que em mais de 90% dos casos, a estética é o que motiva o paciente a procurar um ortodontista.
Essa falta de entendimento sobre o que está sendo feito e sobre o problema e suas limitações, muitas vezes causa descontentamento, com o resultado final do tratamento, aos pais e pacientes.
Nesse contexto de esclarecimento, em relação a ortodontia em particular, penso ser interessante apresentar o CONCEITO PADRÃO DE DIAGNÓSTICO EM ORTODONTIA.
O CONCEITO PADRÃO foi concebido por um renomado ortodontista brasileiro, o Prof Dr Leopoldino Capelozza Filho, do Hospital de Reabilitações de Anomalias Crânio-Faciais HRAC/USP Bauru (também conhecido como “Centrinho”de Bauru).
Este método de diagnóstico em ortodontia, embora esteja sendo mais difundido pelo mundo de 2005 para cá, é decorrente de estudos realizados ao longo de 30 anos.
A grande diferença deste tipo de abordagem está em reconhecer que os diferentes tipos de maloclusões existentes são consequência do tipo de PADRÃO DE CRESCIMENTO FACIAL de cada indivíduo.
Em outras palavras, é o tipo facial do indivíduo que irá determinar o tipo de mal posicionamento dentário que ele terá e não o contrário.
O Padrão de Crescimento crânio-facial é determinado geneticamente. No ser humano podem ser identificados 5 tipos de padrão de crescimento que variam em gravidade (leve, moderada e severa).
Padrão I –Esses indivíduos possuem um crescimento equilibrado do esqueleto, com um perfil reto e selamento labial passivo (paciente não faz força para fechar a boca).
Nesses indivíduos o mal posicionamento dentário é decorrente primariamente de distúrbios no trajeto de erupção e/ou de tamanho dos dentes em relação aos ossos maxilares.
Em outras palavras, não há problemas no esqueleto, e portanto a má oclusão/fechamento é de origem estritamente dentária.
Levando-se em conta que os aparelhos ortodônticos são excelentes para corrigir dentes e não para corrigir osso, esses indivíduos possuem bom prognóstico de tratamento.
Padrão II – Indivíduos que possuem um perfil convexo, com o lábio superior projetado e o inferior evertido (virado para baixo). Esses pacientes geralmente tem queixa de “dentes muito pra frente” e/ou “pouco queixo”.
O perfil convexo é decorrente de um crescimento deficiente da mandíbula ou um crescimento acentuado da maxila para frente (maçã do rosto) ou ainda uma combinação de ambos.
O prognóstico desses pacientes varia de acordo com a gravidade da discrepância óssea, ou seja, em casos leves e moderados poderá ser possível o tratamento somente com aparelhos, e em casos graves será necessário intervenção ortodôntico-cirúrgica para se conseguir a oclusão correta dos dentes.
Padrão III – Indivíduos que possuem um perfil côncavo, e frequentemente apresentam-se com mordida cruzada anterior (incisivos inferiores a frente dos superiores) ou em topo (incisivos inferiores ocluindo topo a topo com os superiores).
O Perfil côncavo ocorre em virtude de um crescimento exagerado da mandíbula (também chamado de prognatismo mandibular) ou por uma deficiência de crescimento anterior da maxila (maçã do rosto) ou uma combinação de ambos.
O prognóstico desses pacientes também varia de acordo com a gravidade da discrepância, ou seja, casos leves e moderados poderão ser tratados somente com aparelhos e em casos graves se faz necessário intervenção ortodôntico-cirúrgica.
Padrão Face Longa – diferentemente dos Padrões II e III, o padrão Face Longa tem distúrbio de crescimento esquelético no sentido vertical (de frente) e não antero-posterior (perfil)
Esses pacientes não conseguem selar os lábios de forma passiva pois possuem o terço inferior da face aumentado (da base do nariz à ponta do queixo).
Os indivíduos Padrão Face Longa apresentam com frequência respiração bucal, amigdalites recorrentes e crônicas, além de roncos e apneia durante o sono. O mal posicionamento dentário nesses pacientes apresenta-se de forma muito variada, sendo o mais comum a mordida aberta anterior (incisivos superiores não se tocam com os inferiores), a atresia dos arcos dentários (arcos estreitos), apinhamentos (dentes encavalados) em diferentes níveis e grande exposição gengival no sorriso.
O prognóstico para esses pacientes varia de acordo com a gravidade da discrepância, porém é comum os pacientes Face Longa de nível moderado de gravidade necessitarem de intervenção cirúrgica para correção da má oclusão. Nos casos de gravidade leve, onde se trata somente com aparelhos, não é raro a necessidade de extrações dentárias para conseguir oclusão (mordida) correta.
Padrão Face Curta – esses indivíduos possuem o problema oposto dos pacientes Face Longa, e portanto, apresentam-se com o terço inferior da face diminuído (da base do nariz à ponta do queixo) e lábios comprimidos.
A má oclusão tem como característica principal a sobremordida (incisivos superiores cobrindo exageradamente os inferiores). Nesses pacientes ainda é muito comum o excessivo desgaste dentário, em virtude de um componente muscular genético que é compressivo para a oclusão, além do frequente hábito de apertamento dentário.
Ao contrário dos Face Longa, nesses pacientes extrações dentárias funcionariam como um veneno, visto que quando se extrai dentes (principalmente posteriores), tem-se como efeito colateral uma diminuição da altura do terço inferior da face, e isso é exatamente o que não se pretende nesses casos.
Novamente, em casos de gravidade leve e moderada, o tratamento poderá se dar somente com aparelhos; já para os casos graves se faz necessário um tratamento ortodôntico-cirúrgico.
É importante destacar que para cada tipo de padrão de crescimento existe não só um protocolo de tratamento específico, como também um protocolo de contenção especifico para manutenção dos resultados do tratamento. Ao contrário do que se pensa, os dentes não são orgãos fixos, imóveis.
A boca também envelhece, e modificações no posicionamento dentário são inerentes ao processo de maturação e envelhecimento. Por isso é necessário a contenção com dispositivos ortodônticos no pós-tratamento.
Sendo assim, a estabilidade dos resultados para sempre, exige contenção para sempre, principalmente quando o padrão de crescimento do indivíduo for discrepante. Na arcada superior usa-se as contenções por pelo menos 1 ano e meio, e na inferior, para sempre.
Finalizando estes esclarecimentos é importante ressaltar que o CONCEITO PADRÃO DE DIAGNÓSTICO EM ORTODONTIA não impõe limites de idade para tratamentos ortodônticos. Muito embora a idade oportuna para uma primeira avaliação ortodôntica seja em torno de 6 anos, hoje em dia não é mais necessário conviver com dentes tortos só porque a fase de crescimento já terminou.
Este método de diagnóstico, por respeitar as limitações da genética de cada um, permite tratamentos rápidos e coerentes, que se utilizam muitas vezes de aparatos estéticos (da cor do dente) para os adultos e que respeita sempre o que é possível fazer, o que é razoável tentar e o que é impossível de obter-se.
Ficou com dúvidas ainda sobre o seu padrão facial? Escreve aqui ao lado, eu mesmo respondo para você!
Abs
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