A Relação entre Diabetes e Tratamento Odontológico


O Diabetes Mellitus é uma doença crônica que abarca uma série de alterações de ordem metabólica que podem culminar em hiperglicemia. Seu diagnóstico é realizado levando-se em consideração os sinais e sintomas sistêmicos, somados aos sinais bucais. Atualmente, a taxa normal de glicemia após jejum de 8 horas deve estar entre 70 e 110 mg/dl. Níveis superiores de glicose no sangue indicam pré-diabetes ou diabetes, que podem ser classificados em:

Diabetes tipo 1

Atinge cerca de 10% dos portadores, porém é mais frequente em crianças e adolescentes. Caracteriza-se por uma inabilidade do pâncreas em produzir insulina, essencial para a sobrevivência. Dentre alguns fatores de risco encontramos os seguintes:

  • Hereditariedade
  • Sobrepeso
  • Idade Avançada
  • Hipertensão Arterial
  • Estresse
  • Sedentarismo
  • Obesidade central (atinge a região da cintura)

Especificamente para o tipo 1, ainda podemos acrescentar:

  • Introdução precoce ao leite de vaca na alimentação
  • Imunizações na infância contra Difteria, Tétano, Coqueluche e Gripe

Grupo de risco: crianças de 5 a 15 anos.

Sintomas Clássicos:

  • Indícios de perda auditiva
  • Aumento do volume de urina
  • Aumento da sede
  • Aumento da fome
  • Perda de peso
  • Emagrecimento rápido ainda que o paciente tenha uma dieta equilibrada


Diabetes tipo 2

Nesse tipo de diabetes, a inabilidade do organismo está em responder apropriadamente à insulina. Normalmente atinge a população adulta, correspondendo a 90% dos diabéticos. Além dos fatores de risco já apresentados acima, estão englobadas no grupo de risco para o tipo 2, as seguintes pessoas:

  • Pessoas com mais de 45 anos
  • Antecedente familiar para os tipos 1 ou 2
  • HDL Colesterol menor ou igual a 35
  • Triglicerídeos maior ou igual a 150
  • Diabetes Gestacional
  • Síndrome dos Ovários Policísticos
  • Alguns tipos de Doenças Vasculares

Sintomas Clássicos:

  • Assintomáticos, ou seja, não costumam apresentar sintomas claros de diabetes. Por conta dessa característica, normalmente recebem um diagnóstico tardio. Isso resulta na falta de tratamento e conduz, consequentemente, ao agravamento da doença. Nesse momento, podem surgir alguns sintomas, tais como:
  • Turvação da Visão
  • Sonolência
  • Dores
  • Cãimbras
  • Formigamentos nos membros inferiores
  • Desânimo
  • Indisposição para o trabalho
  • Cansaço físico e mental generalizado
  • Disfunção erétil, entre outros


Diabetes Gestacional

Quadro de hiperglicemia que ocorre durante a gravidez e que às vezes se resolve no pós parto. Entretanto, é comum que o diabetes se desenvolva anos mais tarde na mulher que apresentou diabetes durante a gestação. O bebê poderá nascer com peso superior à 4,5kg e poderá desenvolver a doença futuramente.


Mas afinal, qual a importância do Diabetes para a Odontologia?

As principais manifestações bucais em pacientes portadores de Diabetes Mellitus são:

» Doença Periodontal ou Periodontite: doença que atinge o sistema de suporte dos dentes, integrado por gengiva, osso e ligamento periodontal. Basicamente esse sistema é responsável por dar estabilidade e proteção às estruturas dentárias. Pacientes diabéticos possuem um maior índice de perda ou reabsorção óssea, levando à perda precoce dos dentes, caso não tratado a tempo. É preciso haver um rigor maior na escovação diária a fim de remover depósitos de placa bacteriana que levam à inflamação gengival, bem como retornos mais frequentes ao dentista para que a situação não fuja ao controle. Além disso, o paciente diabético é mais susceptível à infecções bacterianas e possui menor capacidade de combater bactérias que invadam os tecidos. Outro ponto a ser ressaltado é que o controle do diabetes deve ser feito em paralelo com um controle periodontal. É uma via de mão dupla: se a glicose não estiver controlada, a condição periodontal fica agravada. E se a doença periodontal não estiver devidamente controlada, o controle do diabetes também fica penoso.

» Gengivite Crônica: inflamação recorrente da gengiva percebida por sangramento frequente ao escovar os dentes ou passar o fio dental. Pode ou não evoluir para Periodontite.

» Candidíase / Infecções Fúngicas: devido à susceptibilidade maior à infecções de uma maneira geral, o paciente diabético também está mais exposto à infecções causadas por fungos, sendo que a mais comum delas é a Candidíase. Vulgarmente denominada “sapinho”, a Candidíase se apresenta como placas esbranquiçadas ou com pontos avermelhados acometendo toda a boca, língua e até garganta. Pode causar ardência e também dor ou dificuldade para engolir.

» Xerostomia: é uma diminuição drástica da quantidade de saliva, levando à um quadro de “boca seca”. Esse quadro piora o controle de placa bacteriana por parte do paciente e predispõe também ao aparecimento de cáries.

» Outras manifestações bucais: hiperplasia gengival (crescimento gengival exacerbado), queilite angular, (inflamação localizada no ângulo da boca que é a região de encontro dos lábios superior  e inferior), varicosidade lingual (presença de vasos sanguíneos aparentes embaixo da língua).

O cirurgião dentista deve fazer parte da equipe multidisciplinar que trata o paciente com diabetes, pois poderá amenizar os problemas bucais que figuram entre outros inúmeros problemas de saúde que estes pacientes estão propensos a desenvolver. Uma melhor qualidade de vida é sempre o objetivo principal dos tratamentos de saúde.